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2006/05/03

A inclusão/exclusão social subitamente na moda 

“Foi preciso o 25 de Abril e o advento de um regime democrático para Portugal acreditar outra vez que tinha destino: a Europa, o desenvolvimento, um módico de igualdade. Bastaram 30 anos para desfazer a ilusão. O país que aí está, trabalha, sofre e paga é, como de costume, um fracasso. Parece que, por baixo de uma grotesca máscara de `modernidade´, nunca saiu de facto da sua condição primitiva. Pobre, corrupto, irresponsável e apático, este Portugal não encontra com certeza razão para a sua própria sobrevivência.”

São estes os últimos períodos da cronicazinha de sábado de Vasco Pulido Valente, no
Público, “História de um Fracasso”.

Desde há muito se pensa e diz que estes intelectuais portugueses, muito da elite intelectual portuguesa, são o principal problema de Portugal.

V.P.V. uns dias antes atacava o discurso de 25 de Abril do Presidente da República, aquele que pôs na moda a “inclusão/exclusão social”, dizendo V.P.V. no fim de contas que foi um discurso meramente político e o menos incómodo que, na conjuntura, o Presidente tinha para fazer.

Mas a inclusão social em que Cavaco Silva insiste – e nunca é demais insistir, se apropriadamente – exige “um Estado menos gastador e mais eficaz e um País que produza riqueza”, lembrou João Morgado Fernandes no
“Diário de Notícias”, na 4ª feira.

O Presidente Cavaco Silva esqueceu-se de fazer esta ligação entre a economia e a questão social, como se o problema económico já não fosse o nosso principal problema.

Ou não lhe convinha explicitar a ligação, porque o obrigaria a distinções perigosas e a incursões em áreas inevitavelmente nada favoráveis ao Governo, que o Presidente não quer beliscar (lembremo-nos dos três relatórios coincidentes, o do Banco de Portugal, o da OCDE e o do FMI, na semana anterior).

Talvez a insuspeita Isabel Jonet, responsável pelo Banco Alimentar Contra a Fome, na entrevista desta semana no “Diga Lá Excelência”, essa sim, tenha ido ao fundo da questão ao dizer: Mais desigualdade não significa mais pobreza (…). A economia tem de ser o motor” (do combate à exclusão).

Com certo grau de leviandade, José Miguel Júdice tinha escrito no Público dias antes, classificando as elites sociais portuguesas de “egoístas”, (as) com menos sentido social, (as) mais desinteressadas pelas dores dos que são trucidados pela roda da vida e (as) menos preocupadas com o sofrimento dos seus concidadãos.”

Isabel Jonet declarou o seu total desacordo com J.M.J. e fê-lo referindo o facto de o Banco Alimentar ter distribuído, em 2005, sessenta toneladas por dia de alimentos, ofertas dos Portugueses, incluindo as suas elites sociais.

Temo que, ressalvadas excepções de inteligência e bom senso como as de Isabel Jonet e J. Morgado Fernandes, a questão da “inclusão/exclusão social” tenha descido à cena política portuguesa principalmente para pretexto de demagogia e mau aproveitamento do caminho aberto pelo Presidente.

A.C.R.

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