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2005/03/21

Um caso de Filosofia romanceada
Ou de romance filosófico… 

Se me têm acompanhado ultimamente (ver aqui e aqui), sabem talvez que falo do livro de José Gil, “Portugal Hoje – O Medo de Existir”.*

Ao contrário dos livros que ao longo do séc. XX pretenderam retratar, tipificar Portugal, exaltando o País, trata-se agora duma obra profundamente depressiva, pessimista, que não oferece uma saída, direi mesmo que não deixa vislumbrar, senão remotamente, uma hipótese de saída.

Os nacionalistas portugueses não devemos assustar-nos com tal radicalismo, nem rejeitar a obra só porque ela não lisonjeia minimamente, pelo contrário, o nosso orgulho de Portugueses.

Estando a lê-lo pela 2ª vez consecutiva, tenho vindo a reforçar a minha convicção de que vale a pena ler cuidadosamente o “pequeno escrito” (como o Autor lhe chama), porque é frequente reagirmos mais utilmente e mais criativamente ao que nos incomoda, nas nossas mais profundas certezas, do que àquilo que nos passa a mão pelo pêlo.

O título acima, porque o autor da obra é um Professor de Filosofia, dá como assente – só por isso – que a obra é de carácter filosófico.

Porque, seja como for, me parece dominante nela o exercício da fantasia ficcional, a mais subjectiva e até arbitrária que possa conceber-se, atrevo-me a considerar o “pequeno escrito” de José Gil como Filosofia romanceada ou mesmo como Romance Filosófico.

Da mesma maneira que se diz romance histórico dum romance feito à base de factos supostamente históricos, sem que, por isso, nem o próprio Autor pretenda que se trate de um livro de História.

O grave, porém, no livro em questão, é o Autor dar como certos, seguros, objectivos e verificados os muitos “factos” de que parte para as suas conclusões sobre Portugal e os Portugueses de hoje e de ontem.

Os nacionalistas não podemos deixar, por isso, passar em claro o “pequeno escrito”.

Não temos que cegar de raiva ou seja de que for, perante o livro; mas também não devemos minimizá-lo só porque a subjectividade profunda dele nos dispensaria de considerá-lo como mais do que um simples pequeno romance, sem qualquer ligação com a realidade ou com a verdade.

Sabe-se como um bom romance pode marcar muito mais tantas consciências do que um excelente tratado ou ensaio filosófico ou científico.

Quero dizer que é obrigação dos nacionalistas, por isso, demonstrarmos a verdadeira natureza do livro, para que o maior número possível não se engane, ao lê-lo, tomando-o por mais do que simples “romance” filosófico, bem urdido, que efectivamente me parece ser.

Desta vez, os mais cultos nacionalistas não podem ficar de fora da discussão, como se não lhes dissesse respeito e os resultados dela fossem indiferentes ao nacionalismo português de futuro e com futuro.

Atrevo-me a desejá-lo.

Estou perfeitamente à vontade ao lançar o desafio, apesar do que deixei dito, por entender que um debate aprofundado deveria ser pelo menos um esforço para levar-nos às mais seguras conclusões.

Entendo que o livro, acima de tudo, o justifica e merece, até pela sua novidade, originalidade e riqueza de horizontes.

Além de que, desse debate, o próprio nacionalismo poderia sair enriquecido e actualizado.

A.C.R.

*Edição da
“Relógio d`Agua”; 142 pgs; Janº 2005; preço 14,00 euros.

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