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2004/06/08

À margem duma campanha eleitoral. Perdoem-me, ninguém podia ter ouvido a Mário Soares as fantásticas declarações que ontem aqui lhe atribuí! 

Primeiro, perdoem-me os que levaram a sério a minha brincadeira de ontem sobre o apoio de Mário Soares à "campanha de Cavaco Silva para a Presidência".

Esses são os mais puros e exactos de nós todos: são os que se habituaram a ver M. S. como capaz de tudo.

De apoiar Cavaco contra o seu próprio partido, contra o PS, pelo menos ainda não... que se saiba.

Mas agora que lho lembrei... sabe-se lá... É capaz de tomar-me como a expressão da opinião pública!

Depois, os que não caíram no logro.

A esses também apresento as minhas desculpas.

Quiçá não devesse fazê-lo, porque são os mais cínicos, talvez pérolas deste universo de cínicos a que a maioria pertencemos, em maior ou menor grau.

Só têm uma desculpa: serem a maioria e com as maiorias não se brinca, temem-se.

Eu temo-as.

Logo, explico-me.

Apeteceu-me brincar com a credulidade até dos mais cínicos.

Porque, no fundo, mesmo muitos desses ficaram na dúvida.

Pareceu-lhes pouco crível que brincasse com coisas tão sérias um blogue de "tradições" tão rigorosas, sem nenhuma incursão pelo humor, no seu currículo.

Aí, alto!

Posso não ter caído, até hoje, em pecado de incursão pelo bom humor.

Mas são vários os exemplos, aqui, de incursões minhas pelo mau humor.

Que o digam alguns.

E, no presente caso, tinha boas razões.

Você que está aí a sorrir, feliz por ser tão esperto como o autor do blogue e não menos sádico, desmanche-se lá!

Pois não é verdade que, a falar anteontem para a TV que o questionava sobre a presidência Reagan, o Mário Soares teve exactamente o desabafo que a seguir vou trasladar?

Por definição, para ele Soares, um mediano actor nunca poderia ser senão um lastimável presidente.

Então como acontecia ter Reagan feito o papel, por todos reconhecido, de grande presidente, ele um fraco actor?

Ora, saiu-se, o grande actor e fraco presidente Mário Soares:

"Puro acaso", disse.

"Apenas sorte. A sorte de estar na hora certa, no lugar certo" — explicou melhor.

"O mérito da queda da URSS pertenceu todo a Gorbachov!" — concluiu.

E esta!

M. S. esqueceu, como esqueceu tantas outras coisas, que Gorby pretendia apenas encaminhar a Rússia por uma certa liberalização à chinesa, que já se desenhava então, mas salvando a todo o custo o comunismo e a URSS, o que teria permitido a continuação da Guerra Fria.

Por isso caiu, afastado pelos que queriam ir muito além dessa visão reaccionária, estreitamente comunista conservadora e sem futuro no Ocidente.

Isso é também um dos aspectos fundamentais da grande visão de Reagan.

Que depressa se apercebeu da estreiteza de vistas de Gorby e cedo lhe foi "cortando as vazas".

E digam lá, pois, se havia ou não razão para se aplicar a M. S. uma cura de muito mau humor, disfarçado ainda assim de algum bom humor.

A.C.R.

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