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2004/03/29

Império Americano? Império Ocidental? 

Li com satisfação e alguma surpresa o poste de “Manuel Azinhal” sobre “Política Internacional”, de 3ª feira última, 23.

Com satisfação porque é uma boa análise de conjunto de aspectos muito importantes da política internacional e da geo-estratégia destes tempos, mesmo, naturalmente, que se possa não estar de acordo ou discutir diversos pontos da análise e das conclusões.

Por outro lado, estamos actualmente tão pouco habituados a que de sectores ditos nacionalistas venham análises e discussões de ideias, com mérito, que a surpresa foi natural.

Tem-se aliás confirmado isso na blogosfera.

Neste blogue da Aliança Nacional são muitas as ideias e projectos ou programas expostos e defendidos, desde o início, passa de oito meses, tudo visando apresentar e definir o novo nacionalismo.

Nunca foram eles — programas, projectos e ideias — objecto da mínima discussão ou exame, fosse de apoio, fosse de contradição.

Bastou, porém, que, na 2ª feira, 22, se ousasse fazer aqui elogios à “inteligência e serenidade” do Primeiro Ministro na entrevista à RTP de 5ª feira anterior, 18, para que três ou quatro “nacionalistas” inflamáveis logo ardessem em fúria de insultos contra o autor desse elogio ao PM, nos seus blogues (aqui e aqui, por exemplo).

Aí, no atrevimento do ataque pessoal, são inexcedíveis e só nisso estão à vontade pois que nada se sentem obrigados a provar.

Tanto mais que inteligência e serenidade são atributos dos outros que mais lhes fazem perder a cabeça.

Sempre que possam, atacam anonimamente, claro, ou sob pseudónimos que desorientam.

Fico triste e tenho pena, mas só porque talvez eles tenham tido, ou lido, ou ouvido ler grandes mestres nacionalistas de antigamente. Mas desses mestres e dos modelos de pensar que foram, parece nada, absolutamente nada ter ficado a estes seus modernos epígonos.

Neste vazio intelectual dos seguidores actuais do nacionalismo de há setenta, oitenta, noventa anos, é pois compreensível o interesse pelo texto analítico de “Manuel Azinhal”.

Não tenho dúvida em dizer que chega a afigurar-se-me brilhante.

Tivesse ousado ir mais além na sua análise, conclusões e propostas e poderia tornar-se um texto fundamental para um novo nacionalismo.

Assim, e apesar, repito, do seu mérito, não se consegue discernir que o texto aponte mais do que para um beco sem saída.

E, no entanto — justiça se faça — estão lá alguns dos fundamentos decisivos para, pelo menos, a definição da política internacional dum novo nacionalismo português.

Creia, “Manuel Azinhal”, que vamos servir-nos deles para aprofundar muitas das conclusões a que temos chegado.

Os novos nacionalistas procuramos, de facto, ultrapassar os vários becos sem saída que ao longo de décadas nos têm sido deixados, seja em política interna, seja em política externa.

É esse objectivo que continuadamente temos prosseguido, quer no I e no II Congresso Nacionalista Português, quer neste blogue.

Mas tal objectivo — frequentemente prosseguido por “caminhos não andados” ou pouco andados — não é acessível às mentes fixistas de que falei atrás; em tudo o seu imobilismo mental vê traições ao nacionalismo, de que não conseguem distinguir o “espírito” e as “letras” que sucessivamente o desfiguraram, mas que eles ficaram para sempre tomando como absolutos.

Tenho de admitir que essas nossas tentativas de ultrapassar becos sem saída nos vão valendo o azedume e desconfiança com que alguns nos tratam, como se fôssemos realmente traidores a programas e teses “intocáveis”, que os nacionalistas não devêssemos nem pudéssemos renovar, para que o essencial, o espírito do nacionalismo, volte a ter impacto muito eficaz sobre as realidades geo-estratégicas e políticas contemporâneas.

Estamos a abrir horizontes novos para o nacionalismo, dispostos a tudo reexaminar e a tudo reformular, mantendo o “espírito” e largando o lastro das “letras” caducas.

Repito, por isso, que o texto de “Manuel Azinhal” pode ser importante para o novo nacionalismo, se o olharmos pelo lado do espaço que, creio, abre para a discussão e aperfeiçoamento de caminhos inovadores, contra a esclerose mental de que sofrem alguns nacionalistas e algum nacionalismo.

E haja coragem: será, é cada vez mais reduzido e sem significado o número dos que continuem a considerar-nos traidores ao seu nacionalismo, quando o que pomos em causa são apenas as “letras” caducas de “nacionalismos” caducos.

Pelo que será também cada vez mais reduzido o número dos “velhos do Restelo” de todas as idades, que nos vêem como perigosos aventureiros do Desconhecido.

Nestes planos, penso que poderemos discutir tudo.

Com serenidade e inteligência, naturalmente, quanto e enquanto formos capazes.

E sê-lo-emos, com certeza, por todo o tempo que for necessário.

A.C.R.

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