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2003/07/21

Patriotismo e Nacionalismo 

Nona clarificação — Por não haver hoje tempo para mais, vou acabar com uma última tentativa de clarificação, respeitante como as outras a alguns aspectos fundamentais dum nacionalismo novo e actualizado.
Este ponto é o das relações entre patriotismo e nacionalismo.
Não vos surpreenderei, creio, dizendo que nacionalismo e patriotismo não se confundem, não são uma e a mesma coisa. Completam-se.
O nacionalismo vai além do patriotismo.
Ao contrário do que muitas vezes se pretende, sem o nacionalismo o simples patriotismo poderia ser, nas relações entre os Povos, uma fonte habitual de conflitos e competição exacerbada.
Ora o nacionalismo não é, por natureza, bélico ou conflituoso, por ser acima de tudo, uma opção da inteligência.
Por isso, o nacionalismo é a armadura ideológica de que o patriotismo-sentimento carece para se ultrapassar e beneficiar da dignidade duma doutrina universal que o nacionalismo possui.
De origem cristã-católica, o nosso nacionalismo, no sentido pleno da palavra, é um dos mais antigos da Europa, vem pelo menos desde Ourique. Tem raízes tão profundas e sólidas que não pôde ser corrompido pelas doutrinas nacionalistas modernas dos séc. XVIII, XIX e XX, as de origem jacobina ou as de origem totalitária.
Como não há nacionalismo sem nações e como raramente há nação sem pátria, penso que a incorruptibilidade e força de resistência do nosso nacionalismo se alimenta também, decisivamente, da força do nosso patriotismo.
Isto quer dizer, embora nacionalismo e patriotismo não se confundam, que o nosso nacionalismo e patriotismo de Portugueses se alimentam poderosamente um do outro.
Cada nacionalista é, no melhor sentido, “faccioso” da sua pátria, com toda a naturalidade e simplicidade. Mas porque somos nacionalistas, porque sabemos e vivemos a força e valor duma nação, a nossa, cultivamos e cultivaremos sempre o respeito por todas as nações e todas as pátrias. Com isso, o nosso patriotismo sublima-se ao universalizar-se, sem se perder nem esgotar. De facto, é ele que dá ao nacionalismo — doutrina universalizadora — as únicas bases materiais e espirituais possíveis de resistência ao cilindro esmagador da mundialização. Diria que o patriotismo é o corpo e o nacionalismo a alma resistente à mundialização, tal como está em curso.
Esta bate-se, insidiosamente, para reduzir pátrias e nações à massa informe de uma grande internacional comandada de qualquer parte. Ser apenas patriotas neste nosso tempo seria estarmos apenas ao serviço do nosso umbigo.
O I Congresso Nacionalista Português é feito também para juntar alguns nacionalistas empenhados em fazer frente à proclamada mundialização que temos
Cá estamos para isso.
Sem nunca esquecer que foi entre nós, nacionalistas, que, para estarmos hoje aqui reunidos, tivemos de vencer os primeiros grandes obstáculos, as primeiras grandes resistências.
Mas também foram contra elas — obstáculos e resistências — as nossas primeiras vitórias de vulto: contra os que de tudo desesperam; contra os que nunca acham suficientemente grande o que se faça, sempre na mira de se justificarem de nada fazerem; contra os eternos “receosos” do sucesso dos outros; contra os que nunca concordam porque em tudo vêem perigos de fracturas e cisões, acima de tudo temendo que outros descubram que quase tudo é imaginação deles; e, enfim, contra os que chamam “ideais” ao que muitas vezes não passa de frutos da sua incapacidade de pôr em questão conceitos anquilosados, de repensar a realidade e de inovar ultrapassando chavões e ideias feitas, recebidas sem crítica e sem qualquer esforço de revisão criativa, rejuvenescida.

Seia-Lisboa, Agosto e Setembro de 2001


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