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2012/07/16

O ovo e a galinha 

Não podendo já ninguém negar o declínio demográfico, embora tardiamente e talvez já sem remédio, têm surgido algumas vozes na imprensa a lamentar o efeito negativo que a crise económica tem na natalidade em Portugal, como se fosse a sua causa.

É a crise económica que provoca a queda da natalidade ou a queda da natalidade que provoca crise económica? Eis a questão.

Ora, se olharmos para o Índice Sintético de Fecundidade (ISF, filhos por mulher em idade fértil) português dos últimos 50 anos (www.pordata.pt) vemos que em 1960 (3,20), em 1970 (3,00), em 1980 (2,25), em 1990 (1,57), 2000 (1,56), 2010 (1,37), sendo que 1981 foi o último ano com ISF suficiente para renovar gerações (2,13) e nos anos 90 atingiu-se ISF baixos da mesma ordem dos actuais, como por exemplo em 1995 (1,41).

Caros amigos: se a crise económica é que provocou a crise demográfica, então a crise económica começou em 1981, ou até em 1962, consoante se quiser.

Agora, se estão a falar da crise que se começou a fazer sentir em 2010, então nesse ano já o ISF foi 1,37 e em 2011 não chegaram a nascer 97.000 crianças em Portugal, contra as quase 214.000 que nasceram em 1960.

Desde 1962 (220.000 nados-vivos), com dois ou três anos excepcionais, a natalidade não parou de cair.

Como é que um fenómeno que se iniciou nos anos 60 pode ser provocado por um factor surgido em 2010? Como se vê, os jornalistas, mais uma vez, têm razão. Só eles é que sabem a resposta.

manuelbras@portugalmail.pt

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