2012/06/18
UE em convulsão
Com os resultados híbridos das eleições legislativas na França e na Grécia escrutinados, cabe agora perguntar pelas consequências para a UE.
Na França, a coligação de esquerda à volta do partido socialista conseguiu uma maioria absoluta. Em princípio, Hollande terá todas as condições para executar as suas promessas utópicas na economia e na gestão das finanças públicas, a começar pela redução idade da reforma dos 62 para os 60 anos, como se a França tivesse uma população rejuvenescida e uma população activa capaz de suportar coisas dessas. Já se vê onde é que as verdadeiras reformas económicas irão parar: mais aborto, casamentos e adopções homossexuais e eutanásia.
A direita francesa, por alguns considerada a mais estúpida do mundo, talvez com razão, embora a portuguesa não lhe fique muito atrás, perdeu porque quis, isto é, porque teve medo, como é costume. O partido UMP, do ex-presidente Sarkozy, passou de 320 para 220 deputados, num total de 577. Porém, teve na primeira volta 34%, o que, em entendimento para a segunda volta com a Frente Nacional, que teve 14%, superaria seguramente os 46% obtidos pelas forças de esquerda, pois que essas sim, não tiveram medo de se entender.
Ainda assim, estas eleições tiveram como maior novidade a reentrada da FN na Assembleia Nacional Francesa com 3 deputados, mercê de uma das leis eleitorais mais estúpidas que existem, em que a FN com 14% de votos tem 3 deputados (e podia não ter nenhum), enquanto os "Verdes" e a Frente de Esquerda, que juntos (cerca de 11-12%) têm menos votos que a FN, mas obtiveram 29 deputados. Isto é que é democracia. É claro que se isto se aplicasse à esquerda não faltariam os indignados. Mas como são leis para os outros...
Se houvesse um entendimento inteligente entre UMP e FN na segunda volta, seguramente obteriam mais do que um total de 220+3 deputados.
Na Grécia, mais uma vez ao contrário das previsões dos fazedores da opinião publicada, os conservadores da Nova Democracia venceram com 30% dos votos e 130 deputados, enquanto a coqueluche irmã do Bloco de Esquerda, contra o que a torcida mediática gostava (o "Público" virá ensopado em lágrimas), o Syriza, não chegou aos 27%, com 71 deputados.
O resultado destas eleições é mais claro e definido que o de Maio. Resta agora saber se o líder da Nova Democracia conseguirá formar um governo estável e obter os apoios necessários para governar, aplicar o plano de austeridade e manter-se no euro.
Nenhuma destas coisas é certa: que a Grécia consiga honrar os compromissos que contraíu no resgate, que a economia cresça, que se consiga manter no euro, que o euro se consiga manter, que os receios da Grécia e com a Grécia não alastrem a países como a Itália, a Espanha e a França, para já.
Só há uma coisa certa: a UE está em convulsão.
http://www.bbc.co.uk/news/world-europe-18471239
http://www.bbc.co.uk/news/world-europe-18478982
manuelbras@portugalmail.pt
Na França, a coligação de esquerda à volta do partido socialista conseguiu uma maioria absoluta. Em princípio, Hollande terá todas as condições para executar as suas promessas utópicas na economia e na gestão das finanças públicas, a começar pela redução idade da reforma dos 62 para os 60 anos, como se a França tivesse uma população rejuvenescida e uma população activa capaz de suportar coisas dessas. Já se vê onde é que as verdadeiras reformas económicas irão parar: mais aborto, casamentos e adopções homossexuais e eutanásia.
A direita francesa, por alguns considerada a mais estúpida do mundo, talvez com razão, embora a portuguesa não lhe fique muito atrás, perdeu porque quis, isto é, porque teve medo, como é costume. O partido UMP, do ex-presidente Sarkozy, passou de 320 para 220 deputados, num total de 577. Porém, teve na primeira volta 34%, o que, em entendimento para a segunda volta com a Frente Nacional, que teve 14%, superaria seguramente os 46% obtidos pelas forças de esquerda, pois que essas sim, não tiveram medo de se entender.
Ainda assim, estas eleições tiveram como maior novidade a reentrada da FN na Assembleia Nacional Francesa com 3 deputados, mercê de uma das leis eleitorais mais estúpidas que existem, em que a FN com 14% de votos tem 3 deputados (e podia não ter nenhum), enquanto os "Verdes" e a Frente de Esquerda, que juntos (cerca de 11-12%) têm menos votos que a FN, mas obtiveram 29 deputados. Isto é que é democracia. É claro que se isto se aplicasse à esquerda não faltariam os indignados. Mas como são leis para os outros...
Se houvesse um entendimento inteligente entre UMP e FN na segunda volta, seguramente obteriam mais do que um total de 220+3 deputados.
Na Grécia, mais uma vez ao contrário das previsões dos fazedores da opinião publicada, os conservadores da Nova Democracia venceram com 30% dos votos e 130 deputados, enquanto a coqueluche irmã do Bloco de Esquerda, contra o que a torcida mediática gostava (o "Público" virá ensopado em lágrimas), o Syriza, não chegou aos 27%, com 71 deputados.
O resultado destas eleições é mais claro e definido que o de Maio. Resta agora saber se o líder da Nova Democracia conseguirá formar um governo estável e obter os apoios necessários para governar, aplicar o plano de austeridade e manter-se no euro.
Nenhuma destas coisas é certa: que a Grécia consiga honrar os compromissos que contraíu no resgate, que a economia cresça, que se consiga manter no euro, que o euro se consiga manter, que os receios da Grécia e com a Grécia não alastrem a países como a Itália, a Espanha e a França, para já.
Só há uma coisa certa: a UE está em convulsão.
http://www.bbc.co.uk/news/world-europe-18471239
http://www.bbc.co.uk/news/world-europe-18478982
manuelbras@portugalmail.pt
Etiquetas: União Europeia