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2009/12/10

Nobel da Paz manda mais 30 mil para o Afeganistão 

Manuel Brás

Podemos agora especular o porquê e o sentido de Barack Obama ter sido galardoado com o prémio Nobel da Paz há poucos meses. Alguns pensarão que tal distinção tem a ver com a guerra em curso no Afeganistão. Mas não. Os conceitos de guerra e de paz são hoje em dia, na modernidade, como diria o Sócrates, muito relativos. A guerra de que se pode acusar um político conservador, já pode não ser guerra, ser paz, quando se trata de um político progressista. Tudo depende do artista em questão: os factos não interessam.

O certo é que Obama não tinha alternativas, nem grandes, nem pequenas: a realidade caiu-lhe em cima. Não podia deixar o Afeganistão, nem o Paquistão, e toda a região, nas mãos dos taliban. Como aqui já dissemos, a estabilização militar e política daquela região vai implicar a presença das tropas da NATO por mais uns bons anos. Entretanto, tal só poderá ter sucesso se for acompanhado de uma acção abrangente psicossocial e civilizacional que conduza a que toda aquela gente possa trabalhar, ter segurança e alguma prosperidade para criar as suas famílias, enfim criar condições para que as populações possam voltar a viver habitualmente. Este é o trabalho chave que permitirá ter com o Ocidente as populações daquelas paragens, o que vai muito além da guerra pela guerra, porque uma guerra nunca se faz só com armas de fogo.

Mas, então, porque recebeu Obama o Nobel da Paz? Provavelmente pela mesma razão que o Al Gore: para mexer influências na América para um acordo sobre redução de emissões de CO2 em Copenhaga.

manuelbras@portugalmail.pt

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