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2008/02/26

CONTA-ME COMO FOI… 

Sou actualmente um dependente e frequentador assíduo da Estrada da Beira, entre Coimbra e a Guarda.

A quatro quilómetros daqui, da minha casa na aldeia, e já nessa estrada, fica uma pequena localidade a que chamam – nome indicado nas placas oficiais – Catraia de São Romão.

“De São Romão” compreende-se, que é a sede da freguesia, logo ali perto, e a povoação mais importante do concelho, imediatamente a seguir a Seia.

Mas “Catraia” porquê e donde virá?

Por catraia entendemos aqui garota ou rapariga e nunca ouvi a palavra ser usada nos sentidos, alguns muito depreciativos, que a enciclopédia Verbo/Público, por exemplo, também lhe dá: “pequena construção; casinhota; baiuca; meretriz pobre; égua velha e doente; reles…”

“Origem obscura” lhe atribui o “Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea”, da Academia de Ciências de Lisboa, que além de “criança; rapaz ou rapariga de pouca idade”, para catraia e catraio, lhes atribui vários outros sentidos tão distantes destes como os referidos da Enciclopédia.

Mas, na região, “catraia” usa-se sempre no sentido de rapariga de pouca idade, que eu saiba.

De tal modo que não posso deixar de concluir ser também esse, como já seria há 200 anos, o sentido de origem da palavra no nome da pequena povoação do cruzamento da Estrada da Beira para São Romão.

Mas que catraia ou rapariga de pouca idade seria ela, para dar o nome à pequena povoação?

Não seria esta conhecida pelo nome próprio da garota, primeira constatação, mas pela designação genérica do seu estado, género e idade.

Com a ajuda de outros exemplos, acode-me a possibilidade de ter sido a rapariga a encarregada duma de muitas “vendas” ao longo daquela estrada.

A Estrada da Beira começou a ser construída em 1790, no reinado da Rainha Senhora D. Maria I.

Um dos principais motivos da sua construção deve ter sido facilitar o acesso à fronteira de tropas portuguesas para defesa de Portugal contra invasores espanhóis; mas é verdade que também facilitou a 3ª Invasão francesa, em 1810, com a sua chegada até Coimbra, ao Buçaco e às Linhas de Torres Vedras, onde os franceses sofreram a sua derrota final. Também não deixa de ser certo que, sem ela, sem a então nova estrada, teria sido bem mais complicada a movimentação das tropas anglo-lusas, comandadas por Wellesley, o futuro Duque de Wellington, na resistência aos franceses da III Invasão e sua final derrota, repito, com as suas decisivas derrotas no Buçaco e nas Linhas de Torres.

(Continua -->)

A.C.R.

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