2006/06/07
Um novo partido?... Sim… Talvez…
Mas que seja “um partido a sério”
Um frequentador do blogue da Aliança Nacional mandou-nos no dia um o seguinte e-mail.
“Quando unem esforços e fazem um partido a sério?
“Há muita coisa positiva na vossa ideologia, mas atenção, o tempo anda para a frente não anda para trás, o que ontem estava certo hoje pode ser inadequado.
“Cumprimentos Cordiais.”
Vou comentar, caríssimo, se me dá licença.
Realmente, não consideramos prioritária a formação já de novo partido político – presumo que de direita – o qual fosse “o partido a sério” que o nosso interlocutor considera necessário.
Mas verá que concordo consigo.
Depois de partida muita, muita louça, vai ser fácil concordarmos.
Tem com certeza acompanhado o nosso blogue no desenvolvimento da sua linha editorial, bem definida e transparente desde o primeiro poste, há praticamente três anos, e da qual sobressai uma estratégia aplicável às questões que na citação acima nos são apresentadas.
De facto, entendemos aqui que, antes de novas aventuras partidárias, é preciso varrer o terreno político de muitos dos preconceitos e tabus estabelecidos que o minam e o tornam praticamente maninho.
Haverão sempre de vir a chamar-nos nacionalistas, por exemplo.
Daí a necessidade de demonstrar, como temos tentado e, julgo, conseguido, que o nacionalismo de raízes portuguesas é um nacionalismo efectivamente novo, nem anti-burguês, nem anti-cristão, que não implica a restauração monárquica, nem defende qualquer totalitarismo ou regime político de partido único nem qualquer outro que não respeite na íntegra a liberdade e os resultados do sufrágio universal, etc., etc.
Diria, por isso, não crer que alguém compreenda e pratique melhor que nós, neste blogue, a sua advertência, prezadíssimo interlocutor, de que, politicamente, “o tempo anda para a frente não anda para trás, o que ontem estava certo hoje pode ser inadequado”.
Nasce daí, acrescento ainda, o esforço de esclarecimento contra o espírito restauracionista de alguma “gente nossa” – o restauracionismo saudosista e convicto do simples restaurar por restaurar – seja entre monárquicos ou entre nacionalistas, seja entre salazaristas e estadonovistas, seja entre os restauracionistas utópicos do Ultramar ou entre os utópicos do anti-europeísmo.
Lançámos inclusivamente a ideia do “salazarismo democrático”. Não por o que quer que fosse de restauracionismo militante, mas por pensarmos que a “arte de governar” que Salazar nos ensinou, sendo o melhor legado dum estadista português nestes últimos quase duzentos e cinquenta anos de Portugal, é também, ao mesmo tempo, perfeitamente compatível, e até ganhará, com um regime de sistema plenamente representativo pela via do sufrágio universal, sem dúvida aquilo que há de mais irrecusavelmente e mais abrangentemente democrático, em qualquer regime de “um homem, um voto”.
Não acha, prezado J.G., que já demos vassouradas bastantes e certeiras para constituirmos garantia de que o terreno político pode começar a estar suficientemente limpo e a poeira assente para que venham e trabalhem nele os verdadeiros construtores políticos do futuro?
Pois que venham, que a nossa tarefa era outra (ou passou a certa altura a ser outra) e, se Deus quiser, está quase cumprida.
Ou cegar-nos-á o orgulho?...
António da Cruz Rodrigues (A.C.R.)
Lisboa, 06 de Junho de 2006
“Quando unem esforços e fazem um partido a sério?
“Há muita coisa positiva na vossa ideologia, mas atenção, o tempo anda para a frente não anda para trás, o que ontem estava certo hoje pode ser inadequado.
“Cumprimentos Cordiais.”
Vou comentar, caríssimo, se me dá licença.
Realmente, não consideramos prioritária a formação já de novo partido político – presumo que de direita – o qual fosse “o partido a sério” que o nosso interlocutor considera necessário.
Mas verá que concordo consigo.
Depois de partida muita, muita louça, vai ser fácil concordarmos.
Tem com certeza acompanhado o nosso blogue no desenvolvimento da sua linha editorial, bem definida e transparente desde o primeiro poste, há praticamente três anos, e da qual sobressai uma estratégia aplicável às questões que na citação acima nos são apresentadas.
De facto, entendemos aqui que, antes de novas aventuras partidárias, é preciso varrer o terreno político de muitos dos preconceitos e tabus estabelecidos que o minam e o tornam praticamente maninho.
Haverão sempre de vir a chamar-nos nacionalistas, por exemplo.
Daí a necessidade de demonstrar, como temos tentado e, julgo, conseguido, que o nacionalismo de raízes portuguesas é um nacionalismo efectivamente novo, nem anti-burguês, nem anti-cristão, que não implica a restauração monárquica, nem defende qualquer totalitarismo ou regime político de partido único nem qualquer outro que não respeite na íntegra a liberdade e os resultados do sufrágio universal, etc., etc.
Diria, por isso, não crer que alguém compreenda e pratique melhor que nós, neste blogue, a sua advertência, prezadíssimo interlocutor, de que, politicamente, “o tempo anda para a frente não anda para trás, o que ontem estava certo hoje pode ser inadequado”.
Nasce daí, acrescento ainda, o esforço de esclarecimento contra o espírito restauracionista de alguma “gente nossa” – o restauracionismo saudosista e convicto do simples restaurar por restaurar – seja entre monárquicos ou entre nacionalistas, seja entre salazaristas e estadonovistas, seja entre os restauracionistas utópicos do Ultramar ou entre os utópicos do anti-europeísmo.
Lançámos inclusivamente a ideia do “salazarismo democrático”. Não por o que quer que fosse de restauracionismo militante, mas por pensarmos que a “arte de governar” que Salazar nos ensinou, sendo o melhor legado dum estadista português nestes últimos quase duzentos e cinquenta anos de Portugal, é também, ao mesmo tempo, perfeitamente compatível, e até ganhará, com um regime de sistema plenamente representativo pela via do sufrágio universal, sem dúvida aquilo que há de mais irrecusavelmente e mais abrangentemente democrático, em qualquer regime de “um homem, um voto”.
Não acha, prezado J.G., que já demos vassouradas bastantes e certeiras para constituirmos garantia de que o terreno político pode começar a estar suficientemente limpo e a poeira assente para que venham e trabalhem nele os verdadeiros construtores políticos do futuro?
Pois que venham, que a nossa tarefa era outra (ou passou a certa altura a ser outra) e, se Deus quiser, está quase cumprida.
Ou cegar-nos-á o orgulho?...
António da Cruz Rodrigues (A.C.R.)
Lisboa, 06 de Junho de 2006
Etiquetas: Salazar