2006/06/12
Colapso moral ou último reduto?
As considerações do embaixador José Cutileiro, em tom depreciativo, acerca da recente política externa americana, repetem o discurso do actual mainstream europeu, eivado dos habituais complexos de inferioridade e do sindroma da rendição preventiva, ultimamente perante as ameaças do terrorismo.
Requisitos, aliás, essenciais para que, não só a UE não tenha capacidade de receber o mais pequeno testemunho – pela impotência que o embaixador lhe reconhece – como para que sejam os EUA o efectivo e último reduto da civilização ocidental. E aí, sem qualquer lamento da minha parte, a Europa continuará dividida, como aliás sempre esteve.
Podemos aceitar que a invasão do Iraque foi um passo mal dado, um erro. Podemos até discutir a profunda incoerência da política externa americana ao longo do séc. XX. Mas, uma vez consumada a invasão e a mudança de regime, a coligação anglo-americana só pode abandonar o terreno quando tiver o trabalho todo feito, isto é, garantias de que quando sair haverá paz, governo e estabilidade para o povo iraquiano.
Os americanos falharam no argumento das armas de destruição maciça, mas não falharam no do combate ao terrorismo. Os frequentes atentados e explosões no dia a dia do Iraque lá estão para provar que o terrorismo existe. Não acontecem por acaso, nem têm a mão do povo iraquiano. Necessariamente existia e existe no Iraque, e redondezas, uma potente máquina terrorista, que convinha conhecer melhor, e saber quem a alimenta, antes de formular acusações fáceis, mas estéreis, contra os EUA. Porque aqui acertaram em cheio. Por isso lá estão a combater o terrorismo que muita Europa tanto medo tem. Se a batalha não fosse dada ali, provavelmente a mancha já tinha alastrado e avançado para a Europa.
Parece que a presença de um tresloucado em Teerão, determinado a riscar Israel do mapa, curiosamente, não preocupa a medrosa e frágil Europa. E depois de Israel, o que virá a seguir? Será que a UE confia mais em Teerão que em Washington? E quando Teerão tiver armas nucleares, será que não as vai fornecer a terroristas? A UE já está por tudo.
As guerras, e talvez ainda mais as guerrilhas, têm, infelizmente, sempre os seus Abu Ghraibs e Hadithas. Mas não são só os americanos. Será preciso ir buscar exemplos do passado?
Não deixa de ser pertinente o cinismo daqueles que criticam a força militar dos EUA para, de imediato, os virem acusar de inépcia, ou seja de não actuarem devidamente contra o terrorismo.
Aqueles que não funcionam na lógica de que “o terrorista tem sempre razão”, compreendem que é ali que a batalha contra o terrorismo tem que ser travada e que se trata de um choque cada vez mais civilizacional e identitário, embora não necessariamente, nem desejavelmente, militar.
Fosse George W. Bush da Internacional Socialista ou um adorador da deusa e a questão do Iraque seria um sucesso. Ou, pelo menos, não teria grande importância.
Manuel Brás
P.S. Este texto foi enviado a título de carta ao director para “Expresso” em homenagem ao escrito do embaixador Cutileiro na edição de 3 de Junho. Mas é uma homenagem também ao que escreve Clara Ferreira Alves na edição de 10 de Junho. Esta última, enfim, já com o polimento dos “filhos” de 68.
Requisitos, aliás, essenciais para que, não só a UE não tenha capacidade de receber o mais pequeno testemunho – pela impotência que o embaixador lhe reconhece – como para que sejam os EUA o efectivo e último reduto da civilização ocidental. E aí, sem qualquer lamento da minha parte, a Europa continuará dividida, como aliás sempre esteve.
Podemos aceitar que a invasão do Iraque foi um passo mal dado, um erro. Podemos até discutir a profunda incoerência da política externa americana ao longo do séc. XX. Mas, uma vez consumada a invasão e a mudança de regime, a coligação anglo-americana só pode abandonar o terreno quando tiver o trabalho todo feito, isto é, garantias de que quando sair haverá paz, governo e estabilidade para o povo iraquiano.
Os americanos falharam no argumento das armas de destruição maciça, mas não falharam no do combate ao terrorismo. Os frequentes atentados e explosões no dia a dia do Iraque lá estão para provar que o terrorismo existe. Não acontecem por acaso, nem têm a mão do povo iraquiano. Necessariamente existia e existe no Iraque, e redondezas, uma potente máquina terrorista, que convinha conhecer melhor, e saber quem a alimenta, antes de formular acusações fáceis, mas estéreis, contra os EUA. Porque aqui acertaram em cheio. Por isso lá estão a combater o terrorismo que muita Europa tanto medo tem. Se a batalha não fosse dada ali, provavelmente a mancha já tinha alastrado e avançado para a Europa.
Parece que a presença de um tresloucado em Teerão, determinado a riscar Israel do mapa, curiosamente, não preocupa a medrosa e frágil Europa. E depois de Israel, o que virá a seguir? Será que a UE confia mais em Teerão que em Washington? E quando Teerão tiver armas nucleares, será que não as vai fornecer a terroristas? A UE já está por tudo.
As guerras, e talvez ainda mais as guerrilhas, têm, infelizmente, sempre os seus Abu Ghraibs e Hadithas. Mas não são só os americanos. Será preciso ir buscar exemplos do passado?
Não deixa de ser pertinente o cinismo daqueles que criticam a força militar dos EUA para, de imediato, os virem acusar de inépcia, ou seja de não actuarem devidamente contra o terrorismo.
Aqueles que não funcionam na lógica de que “o terrorista tem sempre razão”, compreendem que é ali que a batalha contra o terrorismo tem que ser travada e que se trata de um choque cada vez mais civilizacional e identitário, embora não necessariamente, nem desejavelmente, militar.
Fosse George W. Bush da Internacional Socialista ou um adorador da deusa e a questão do Iraque seria um sucesso. Ou, pelo menos, não teria grande importância.
Manuel Brás
P.S. Este texto foi enviado a título de carta ao director para “Expresso” em homenagem ao escrito do embaixador Cutileiro na edição de 3 de Junho. Mas é uma homenagem também ao que escreve Clara Ferreira Alves na edição de 10 de Junho. Esta última, enfim, já com o polimento dos “filhos” de 68.
Etiquetas: Em defesa do Ocidente, Manuel Brás