2006/02/06
Choque frontal
As reacções do mundo islâmico aos cartoons ofensivos manifestam como existe um choque frontal com o laicismo.Não tanto com a civilização ocidental, que não considero representada pela minoria europeia laicista e antireligiosa, mas sim com o seu pior inimigo, o interno, precisamente o laicismo, o único responsável pela decadência da Europa.
É bom que exista esse choque, que pode ser revelador de coisas interessantes, e os laicistas merecem-no.
No fundo, o laicismo não é mais do que uma religião antireligiosa e o “laico” mais do que um ayatollah da política. O Islão pode absorver a esfera política na religião, mas o laicismo absorve a religião na política. Daí que o choque não espante.
Para abrilhantar o espectáculo só faltam as intervenções da ONU e do Parlamento Europeu, este último representado pelo decano Cohn-Bendit.
Para aqueles que têm a liberdade de expressão como valor supremo e sagrado do laicismo, as reacções islâmicas não fazem mais do que seguir essa lógica: eles manifestam assim a sua liberdade de expressão.
Ou será que a liberdade de expressão é só para os “laicos”?
Manuel Brás
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