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2005/12/29

A China: um barril de pólvora? 

Neste caso, imaginamos a China como a primeira e fundamental vítima da explosão do barril de pólvora em que ela própria parece estar a transformar-se.

Maneira nossa de ver as coisas, para minimizarmos o risco que ela é para o resto do mundo?

Há sempre essa possibilidade, ao supormos um mal que nos ameaça, como prestes a auto-consumir-se antes de atingir os outros à sua volta.

É o fundo irresistível de certo optimismo existente em muitos de nós?

Por isso, temos de procurar ser frios, objectivos, sem condescendências para connosco próprios e livres, acima de tudo implacavelmente livres, que é aquilo que aqui procuramos ser.

Repito o que já
antes disse.

A China não vai conseguir ignorar indefinidamente as aspirações de melhoria de vida do seu proletariado em crescimento acelerado.

É certo que as reservas de mão-de-obra potencialmente barata, escandalosamente barata, são ainda praticamente ilimitadas.

Mas não é só esse lado meramente quantitativo que determina os fenómenos sociais.

O seu valor exemplificativo e contagiante pode provocar uma explosão geral muito mais cedo do que seria de esperar.

Mas como, se a aliança da actual burguesia chinesa com as Forças Armadas (consideradas estas e o PC Chinês unha e carne) parece estar para durar?

E como, ainda, se há um outro factor, que não considerei até agora, a atar mais solidamente, os laços dessa aliança?

Que factor?

A corrupção generalizada.

É estranho como, nestes regimes comunistas ou ex-comunistas, a corrupção se instalou com raízes profundas.

Ela é tão forte e enraizada que as conhecidas máfias da corrupção não podem deixar de ter nascido e se ter consolidado senão dentro e no auge dos próprios regimes comunistas.

Estes e as suas “elites” não resistiram à força e tentação dos negócios, como é e foi evidente no caso da ex-URSS.

Acontece que, na China, a muitos dos grandes e melhores negócios estão associados, mesmo em empresas privadas, altos ou menos altos funcionários, a título particular, os quais, nos círculos da administração, são os protectores e encaminhadores dos interesses das “suas” empresas privadas.

Inevitavelmente, tudo isto explodirá um dia.

Mas, por enquanto, toda esta corrupção só reforça a aliança dos interesses estabelecidos e, portanto, o controlo e subjugação do proletariado.

Pobre P.C. Português, sem saber como lidar com esta trama!

A.C.R.

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