2005/09/13
O Poder local e as eleições autárquicas.
Antes que a Terceira República portuguesa
Acabe como a Primeira …
Não é apenas o poder central o responsável pela degradação do sistema político em Portugal, a ponto de ninguém já o defender e cada vez mais sejam os que exigem ou falam da sua reforma radical.
Agora que vêm aí as eleições autárquicas …
E se falássemos também do poder local?
Há quem não acredite que as eleições sirvam para purificá-lo dos vícios acumulados nos últimos vinte anos, ou pelo menos para diagnosticá-los aos olhos de todos.
Como Manuel Carvalho escrevia há pouco, no “Público” de 20 de Agosto …
“… dificilmente haverá oportunidade para responder à questão essencial: depois de 20 anos em estado de graça, como é que o poder local conseguirá sacudir os anátemas do caciquismo, da prepotência e da corrupção que nos últimos anos desbarataram o capital de prestígio acumulado depois do 25 de Abril?”
Talvez isso do “prestígio acumulado depois do 25 de Abril” não passe por aí além de uma frase feita, dos que querem ou julgam os agentes do poder municipal mais prestigiados porque passaram a ser eleitos e não nomeados.
Eleitos e muito bem.
Concordo totalmente.
Mas do que conheci antes, os nomeados eram em geral bem escolhidos e quase sempre entre pessoas cujo prestígio era também geralmente reconhecido e respeitado.
O que faz de algum modo a vantagem dos eleitos actuais, ou seja, o serem eleitos como são, é possivelmente também o que os torna mais vulneráveis à degradação a que se vem assistindo.
Caciquismo, corrupção e prepotência, para não falar mais especificamente dos abusos de poder persistente que acabam por instalar-se como sendo a normalidade, são em grande parte a causa e o fruto da irresponsabilização que se vai generalizando.
Resultados?
Os agentes do poder local acabaram por ter êxito com a política do demagógico, bonitinho e do acabadinho, e, sem uma forte revolução do pensamento, acerca da concepção e objectivos actualizados desse poder, não vão naturalmente mudar de políticas ou de objectivos políticos.
Ora, para o futuro de Portugal e dos Portugueses, parece-me tão importante que mude a concepção do poder municipal como a concepção do sistema político central do Estado.
Diria que são precisos grandes visionários para criar um novo poder local ou para adaptar novos objectivos ao poder local.
Escrevia o mesmo articulista …
“O que é necessário é que as autarquias intervenham mais no apoio à educação, à cultura e ao desenvolvimento das economias locais e regionais. E que apostem na promoção da qualidade de vida para atrair investimentos e novos habitantes (…) factor crítico para a sustentabilidade de centenas de concelhos do interior do país.”
Não será pedir demais?
Talvez, mas creio não haver outro caminho.
A.C.R.
Agora que vêm aí as eleições autárquicas …
E se falássemos também do poder local?
Há quem não acredite que as eleições sirvam para purificá-lo dos vícios acumulados nos últimos vinte anos, ou pelo menos para diagnosticá-los aos olhos de todos.
Como Manuel Carvalho escrevia há pouco, no “Público” de 20 de Agosto …
“… dificilmente haverá oportunidade para responder à questão essencial: depois de 20 anos em estado de graça, como é que o poder local conseguirá sacudir os anátemas do caciquismo, da prepotência e da corrupção que nos últimos anos desbarataram o capital de prestígio acumulado depois do 25 de Abril?”
Talvez isso do “prestígio acumulado depois do 25 de Abril” não passe por aí além de uma frase feita, dos que querem ou julgam os agentes do poder municipal mais prestigiados porque passaram a ser eleitos e não nomeados.
Eleitos e muito bem.
Concordo totalmente.
Mas do que conheci antes, os nomeados eram em geral bem escolhidos e quase sempre entre pessoas cujo prestígio era também geralmente reconhecido e respeitado.
O que faz de algum modo a vantagem dos eleitos actuais, ou seja, o serem eleitos como são, é possivelmente também o que os torna mais vulneráveis à degradação a que se vem assistindo.
Caciquismo, corrupção e prepotência, para não falar mais especificamente dos abusos de poder persistente que acabam por instalar-se como sendo a normalidade, são em grande parte a causa e o fruto da irresponsabilização que se vai generalizando.
Resultados?
Os agentes do poder local acabaram por ter êxito com a política do demagógico, bonitinho e do acabadinho, e, sem uma forte revolução do pensamento, acerca da concepção e objectivos actualizados desse poder, não vão naturalmente mudar de políticas ou de objectivos políticos.
Ora, para o futuro de Portugal e dos Portugueses, parece-me tão importante que mude a concepção do poder municipal como a concepção do sistema político central do Estado.
Diria que são precisos grandes visionários para criar um novo poder local ou para adaptar novos objectivos ao poder local.
Escrevia o mesmo articulista …
“O que é necessário é que as autarquias intervenham mais no apoio à educação, à cultura e ao desenvolvimento das economias locais e regionais. E que apostem na promoção da qualidade de vida para atrair investimentos e novos habitantes (…) factor crítico para a sustentabilidade de centenas de concelhos do interior do país.”
Não será pedir demais?
Talvez, mas creio não haver outro caminho.
A.C.R.