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2004/01/23

O ABORTO E O PROGRESSO DA HUMANIDADE 

Do livro “Em Defesa da Vida”
Editado por Nova Arrancada, S.A.



JOÃO CÉSAR DAS NEVES


Nada há de novo no aborto. Este facto é, sem dúvida, o dado mais notável e supreendente das discussões recentes sobre este tema.

A sociedade moderna vive um desenvolvimento permanente e acelerado, que lhe cria muitos problemas novos. O progresso tecnológico e a evolução social estão continuamente a colocar à humanidade dificuldades diferentes e inesperadas, que estão na base dos grandes debates da actualidade. Em particular, muitas das grandes perplexidades morais do nosso tempo nascem dessa evolução. Os problemas da bioética e da contracepção, os direitos à privacidade e ao acesso à informação, as questões das minas anti-pessoais ou da guerra atómica e química são, entre muitos outros, situações levantadas pela evolução tecnológica da humanidade.

Mas essa evolução é praticamente irrelevante para o problema do aborto. É verdade que a medicina criou novas formas de matar o feto, mas esse facto é alheio ao problema moral envolvido. A questão do aborto, no essencial, coloca-se hoje da mesma forma que se colocava no Paleolítico ou na Antiguidade. A modernidade quase nada trouxe de novo ao problema. Este facto é, realmente surpreendente.

A surpresa desta constatação advém de ela colocar a questão de saber, afinal, porque razão existe hoje uma discussão tão acalorada sobre um problema que não mudou em milénios de civilização. Porque razão colocar de novo um problema que não tem nada de novo? A razão não está nos novos dados que a evolução social moderna coloca à moral. Ela só pode estar, portanto, na nova moral que a sociedade moderna tenta criar para si.

O problema do aborto não vem de novas tecnologias, de novas situações sociais ou de novas realidades económicas. Essas, se têm alguma influência, é no sentido de reduzir o apelo a esse crime, pois é hoje mais fácil resolver as situações de saúde da mãe, que antes sugeriam o recurso ao aborto, e estão disponíveis novos mecanismos de apoio sócio-económico para a criança recém-nascida.

Mas o que a sociedade moderna criou, ao lado das melhorias tecnológicas e sócio-económicas, foi um sentimento acrescido de egoísmo e de comodismo. Como a técnica nos resolveu muitos problemas, muitos passaram a achar razoável usar o crime, até de morte, para resolver os problemas que ainda têm. A discussão actual sobre o aborto não nasce dos avanços técnicos do homem moderno, mas do seu recuo moral.

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