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2003/07/25

Nacionalistas de Via Larga e Nacionalistas de Via Estreita - Como encarar o Salazarismo? 

Décima primeira tese - Os nacionalistas portugueses não devem, nem têm o direito de dividir e esterilizar as organizações em que se integram, por não quererem nelas este ou aquele grupo, esta ou aquela tendência nacionalista.
É perfeitamente suicida ouvir alguns regozijar-se porque, por exemplo, os salazaristas teriam sido expulsos deste ou daquele movimento ou força supostamente nacionalista.
Não é invenção; ouviu-se mesmo tal dislate, repetido por diversos desses nacionalistas “da via estreita” mais de uma vez, há algum tempo. E esfregavam as mãos de felizes, deve crer-se que por inconsciência.
Não reconhecem eles a delicadeza do momento político.
A sociedade portuguesa afunda-se numa tristíssima apoteose de escândalos de corrupção alargada e, em particular, autárquica; de frustração do modelo educativo; de descrédito da Justiça, das polícias, dos meios de comunicação social; de usurpação e desperdício de recursos pelo mundo do futebol e tantos outros mundos; de desordem moral instalada, cancros da pedofilia, da homossexualidade ideologicamente assumida, da prática abortiva generalizada; etc.
O País que apresenta esta imagem parece querer por força dar razão aos nacionalistas, como preparando-se para mais tarde ou mais cedo nos pedir que encontremos soluções de governo para tudo. Deixar-nos em suma a “criança nos braços”.
Em face deste panorama, volte-se a pôr o problema: que noção terão os nacionalistas “de via estreita” do que deve ser o nacionalismo português?
O seu objectivo é ou não que o nacionalismo chegue ao poder para ser exercido em nome do interesse nacional, em nome das mais perfeitas e acabadas constantes do ser português?
Se é esse o seu objectivo, então...
Expulsar das nossas organizações os salazaristas, estado-novistas, outros que tais, é amputar o movimento nacionalista português da sua parte mais experiente e com mais provas políticas e de governo dadas nos últimos cem anos, testemunho dum poder de realização ímpar.
Não só eles são, com certeza, ainda os mais numerosos entre os nacionalistas portugueses actuais, de todos as idades. Mas pode também perguntar-se se não são igualmente os mais dinâmicos, ousados e criativos, formados que foram ou aderentes da única verdadeira escola de bem governar que houve em Portugal no século passado.
Isso é uma riqueza única na tradição nacionalista portuguesa. Tanto ou mais ainda que ideológica e doutrinariamente, o salazarismo-estado-novismo possui o acervo excepcional de ter governado brilhantemente, com sucesso, de qualquer ponto de vista que se considere. Deitar isso fora ou ignorá-lo, menosprezá-lo, delapidá-lo é perfeitamente suicida para o nacionalismo português. Como governo, o salazarismo não é o passado; é uma experiência e uma prática como não voltou a ser igualada. Pode ser o futuro. Mas é sem dúvida, para muitos, o que de melhor a História nos oferece para exemplo de como arrancar para o futuro. Não há na História moderna de Portugal, aos olhos desses, outro modelo melhor de governo, outra melhor escola de governo para inspirar novas realizações da arte de bem governar e bem discernir os interesses nacionais.
De facto, se nos aceitarmos uns aos outros, todos nas nossas organizações, não há que ter medo de que outros venham melhores que nós, que facilmente nos roubem os pequeninos poderes a que nos condenamos —os arquivinhos, os ficheirinhos, o controlo exclusivista dos computadorzinhos e da internet.
Com tais mentalidades, há realmente que ter medo das novas leis dos partidos. E não nos restaria senão ser lamechas, a tentarmos defendermo-nos, em vão, das ameaças que essas novas leis supostamente representam.
Ora nós não temos que ser lamechas a pedir aos partidos instalados que nos deixem existir e funcionar. Eles não acreditam no Direito e só cedem à força que pressentem. Temos, por isso, é de forçá-los a acreditar, quer queiram quer não — mesmo que nos encham o caminho de espinhos e obstáculos — que nós estamos cá e que vamos continuar a estar, para nos impormos e obrigá-los a reconhecer-nos, porque somos indestrutíveis.
Sem presunção nem arrogância: somos realmente indestrutíveis, como a História mostra.
E tanto mais quanto mais unidos estivermos na nossa profunda diversidade.
Exige saber e inteligência, cultura;
Nunca perdermos a lucidez;
E não ter medo de perceber os problemas e definir as saídas antes dos outros.
Se ele até há nacionalistas — “de via estreita” — que ainda hoje não sentem a verdadeira importância do “11 de Setembro”, como surpreendermo-nos de haver tanto “inocente” (útil e inútil), sem as responsabilidades e exigências de ser-se nacionalista, a não perceber que tudo desde então mudou e que o acontecimento é, para os nacionalismos, o maior reforço e o maior teste dos últimos sessenta anos?
Mais: se isso obrigar inclusivamente à revisão de muitas ou todas as alianças, porque não? Mais inequivocamente que nunca, as novas alianças serão cada vez mais a Ocidente.
Nada disto deve entender-se como impondo que os nacionalistas devamos seguir todos a mesma cartilha e acertar todos o passo pelas mesmas batutas.
O I Congresso Nacionalista Português de Outubro/2001 teve, como os seus organizadores queriam, o grande mérito de ilustrar a diversidade concreta de correntes do nacionalismo português actual, dando também a conhecer os seus expoentes e defensores respectivos; e teve igualmente o mérito de não escamotear as nuances ou linhas mais profundas de separação entre elas e entre eles.
Como nem os próprios organizadores ousariam, porém, prever, o Congresso demonstrou ainda — usando acima de tudo das nossas cabeças e de vontade decidida e lúcida e de boa fé e lealdade (e educação, já agora) que necessariamente tem de haver entre nacionalistas — o Congresso demonstrou ainda, repete-se, que será possível trabalharmos todos no mesmo sentido, construindo e reconstruindo sinergias, cada um com o contributo das suas luzes e vocação própria, enriquecendo o conjunto e fazendo da diversidade uma razão de unidade, de força e de grandeza.
Quem tem, pois, ou teve medo do I Congresso Nacionalista Português?
Só se foram aqueles para quem o Congresso tenha sido exactamente a prova daquilo que porventura não compreenderam: isto é, que a unidade nacionalista, em Portugal, está ou tem de ser conquistada na diversidade dos nacionalismos, para um nacionalismo de via larga.
Partidos ou movimentos nacionalistas que não queiram perceber isto ou não o pratiquem, não passam de ecos nostálgicos do modelo marxista-leninista-estalinista de movimento ou partido.
Entre isso e o novo nacionalismo a repulsa é radical.

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2003/07/23

Para um Nacionalismo Novo – Ser Nacionalista 

Outras clarificações, outras teses para um Nacionalismo Novo, ou para se Ser Novo Nacionalista Hoje:

Importância do Associativismo Político - A Aliança Nacional - Um Nacionalismo de Muitos Nacionalismos

Décima tese - Há poucos meses, repusemos em funcionamento a Aliança Nacional.
Algumas considerações ajudarão a explicar e a reformular a visibilidade da AN.
Porque de uma associação de índole política se trata, é preciso que a AN redefina o seu âmbito de recrutamento.
Isso é particularmente importante num tempo em que se multiplicam os votos e apelos a que os nacionalistas portugueses se reorganizem, depois dos últimos passos em falso de alguns activistas.
Mas é condição para tanto sobretudo que não nos deixemos iludir por certas aparências.
É geralmente tido como uma evidência que os tempos vêm sucessivamente oferecendo novas oportunidades aos nacionalistas, por toda a Europa.
Os últimos dois ou três anos oferecem muitos exemplos disso.
Não é, porém, com modelos requentados de nacionalismo que se pode tirar frutos dessas oportunidades, como parecem querer tantos jovens e muitos jovens portugueses.
O que acima de tudo importa é uma visão nacionalista à altura das circunstâncias e prospectivas do mundo actual, isto é, afinal, necessariamente um novo nacionalismo.
Terá ele que ter em conta que todas as ilusões da esquerda se esboroaram e que somos nós quem pode voltar a proporcionar razões de esperança aos deserdados dessas ruínas.
Não macaqueando os “valores” da esquerda que já foi, mas com os nossos valores de responsabilidade, exigência, verdade, rigor, honestidade, espiritualidade e espírito de serviço, contra o laxismo a que os vários internacionalismos amoldaram as sociedades e as vão minando. Só um internacionalismo nos merecerá confiança: o internacionalismo dos nacionalismos. E só uma globalização: a globalização nacionalista. Com isso, os movimentos migratórios serão contidos e regulados.
Os partidos do “politicamente correcto” julgam reconquistar votos e poder político reconhecendo e rendendo-se agora à evidencia dos riscos da imigração que os nacionalistas fomos os primeiros a denunciar. Parecem, muito desses “politicamente correctos”, querer confundir-se cada vez mais connosco. Mas é um engano. É certo que os “politicamente correctos” se afigura terem deixado de alimentar a ilusão do multiculturalismo como via de coexistência de povos diferentes dentro da mesma nação/estado.
Mas pensam que se pode passar da ilusão do convívio plurinacional de imigrantes para a ilusão da integração ou assimilação das culturas imigrantes pela cultura predominante nacional de acolhimento.
Temos de proclamá-lo firmemente: a integração em massa é inviável e contraditória. E hoje os fenómenos migratórios são sempre, na prática, fenómenos de massas e é como tal que têm de ser enfrentados.
A integração em massa dos imigrantes não passa de um sonho demagogicamente apresentado por quem não quer enfrentar a realidade de que as imigrações heteroculturais não controladas acabam sempre por tornar-se verdadeiras invasões agressivas e destruidoras.
Logo: integração em massa não passa de paliativo e areia nos olhos, que é imperativo denunciar.
Todos os nacionalistas portugueses compreendem isto, o que é já uma base sólida de entendimento. Há entre nós nacionalistas das mais variadas tendências: católicos, salazaristas, monárquicos, republicanos, fascistas, miguelistas, democratas, anti-democratas, sociais-cristãos, nacionais-sindicalistas, integralistas, neonacionalistas, nacionalistas de direita e outros que se consideram de esquerda.
Diria que todos não somos demais.

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2003/07/21

Patriotismo e Nacionalismo 

Nona clarificação — Por não haver hoje tempo para mais, vou acabar com uma última tentativa de clarificação, respeitante como as outras a alguns aspectos fundamentais dum nacionalismo novo e actualizado.
Este ponto é o das relações entre patriotismo e nacionalismo.
Não vos surpreenderei, creio, dizendo que nacionalismo e patriotismo não se confundem, não são uma e a mesma coisa. Completam-se.
O nacionalismo vai além do patriotismo.
Ao contrário do que muitas vezes se pretende, sem o nacionalismo o simples patriotismo poderia ser, nas relações entre os Povos, uma fonte habitual de conflitos e competição exacerbada.
Ora o nacionalismo não é, por natureza, bélico ou conflituoso, por ser acima de tudo, uma opção da inteligência.
Por isso, o nacionalismo é a armadura ideológica de que o patriotismo-sentimento carece para se ultrapassar e beneficiar da dignidade duma doutrina universal que o nacionalismo possui.
De origem cristã-católica, o nosso nacionalismo, no sentido pleno da palavra, é um dos mais antigos da Europa, vem pelo menos desde Ourique. Tem raízes tão profundas e sólidas que não pôde ser corrompido pelas doutrinas nacionalistas modernas dos séc. XVIII, XIX e XX, as de origem jacobina ou as de origem totalitária.
Como não há nacionalismo sem nações e como raramente há nação sem pátria, penso que a incorruptibilidade e força de resistência do nosso nacionalismo se alimenta também, decisivamente, da força do nosso patriotismo.
Isto quer dizer, embora nacionalismo e patriotismo não se confundam, que o nosso nacionalismo e patriotismo de Portugueses se alimentam poderosamente um do outro.
Cada nacionalista é, no melhor sentido, “faccioso” da sua pátria, com toda a naturalidade e simplicidade. Mas porque somos nacionalistas, porque sabemos e vivemos a força e valor duma nação, a nossa, cultivamos e cultivaremos sempre o respeito por todas as nações e todas as pátrias. Com isso, o nosso patriotismo sublima-se ao universalizar-se, sem se perder nem esgotar. De facto, é ele que dá ao nacionalismo — doutrina universalizadora — as únicas bases materiais e espirituais possíveis de resistência ao cilindro esmagador da mundialização. Diria que o patriotismo é o corpo e o nacionalismo a alma resistente à mundialização, tal como está em curso.
Esta bate-se, insidiosamente, para reduzir pátrias e nações à massa informe de uma grande internacional comandada de qualquer parte. Ser apenas patriotas neste nosso tempo seria estarmos apenas ao serviço do nosso umbigo.
O I Congresso Nacionalista Português é feito também para juntar alguns nacionalistas empenhados em fazer frente à proclamada mundialização que temos
Cá estamos para isso.
Sem nunca esquecer que foi entre nós, nacionalistas, que, para estarmos hoje aqui reunidos, tivemos de vencer os primeiros grandes obstáculos, as primeiras grandes resistências.
Mas também foram contra elas — obstáculos e resistências — as nossas primeiras vitórias de vulto: contra os que de tudo desesperam; contra os que nunca acham suficientemente grande o que se faça, sempre na mira de se justificarem de nada fazerem; contra os eternos “receosos” do sucesso dos outros; contra os que nunca concordam porque em tudo vêem perigos de fracturas e cisões, acima de tudo temendo que outros descubram que quase tudo é imaginação deles; e, enfim, contra os que chamam “ideais” ao que muitas vezes não passa de frutos da sua incapacidade de pôr em questão conceitos anquilosados, de repensar a realidade e de inovar ultrapassando chavões e ideias feitas, recebidas sem crítica e sem qualquer esforço de revisão criativa, rejuvenescida.

Seia-Lisboa, Agosto e Setembro de 2001


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