2008/10/13
Quem tem medo das diferenças?
Manuel Brás
A esquerda aproveita uma confusão, criada e lançada pelo igualitarismo – que é um dogma ideológico da esquerda pouco sufragado pela realidade – para equiparar as uniões heterossexuais e homossexuais, como se fossem coisas iguais.
Não o são, em primeiro lugar por uma determinação da Natureza, que teima em contrariar a esquerda e os políticos que a querem corrigir: há homens e mulheres, duas formas diferentes de ser humano. Isto não é uma opinião: é um facto que todos podem constatar, independentemente disso agradar mais ou menos aos polícias do pensamento. Pode-se negar? Pode. Mas a realidade não muda por causa disso.
A confusão está em pensar que a legitimação tradicional para o casamento heterossexual estaria no facto deste poder gerar descendência; ora então – dizem – fica justificada a assimilação das uniões homossexuais, que são sempre estéreis, aos casamentos heterossexuais que, por excepção, não têm filhos.
Mas não. É muito mais do que isso. A singularidade do casamento (heterossexual) funda-se no facto – talvez irritante para alguns – de que só a heterossexualidade gera descendência, o que não é a mesma coisa. Além disso, a estabilidade conjugal facilita a aceitação e a educação dos filhos – e não acredito que o Estado eduque melhor que os Pais – conforme pretende a esquerda, cuja falsidade as últimas décadas demonstram pela negativa.
Ele há milhares de portugueses que casam sem ter filhos e que têm filhos sem casar, coisa que se tem revelado um problema para a sociedade. É claro que nada na lei diz que a procriação é a função do casamento. Nem é preciso. A realidade – alérgica à esquerda – encarrega-se disso.
Se o casamento não é para ter filhos, entre outras competências afectivas – como se diz no eduquês –, então é para quê? Para não ter filhos?
Quando a lei reconhece a singularidade do casamento entre homem e mulher não discrimina as uniões homossexuais, porque não são coisas iguais. Injustiça seria tratar igualmente coisas que são diferentes.
Já se percebeu que os homossexuais pelam-se por ser iguais aos heterossexuais. Os heterossexuais é que nisto não querem ser iguais aos homossexuais. E a lei tem que respeitar isso. Aliás, é irónico como tanto lutaram pelo “direito à diferença” que o transformaram na imposição da igualdade. Afinal, “em que é que ficamos”? Já não são diferentes?
É claro que a esquerda pode negar tudo isto, e argumentar com sofismas, falácias e meias verdades, que é o que confunde as pessoas. Eu próprio também era capaz de o fazer, se quisesse.
A realidade é tremenda. Se quisermos, podemos sempre negá-la.
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