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2007/02/27

Requiem por Quioto? 

A revista “Atlântico” publica, na edição de Janeiro, um interessante artigo de Joaquim Luiz Gomes sobre a relevância dos EUA não terem ratificado o Protocolo de Quioto em 2001.

Os EUA apoiam os princípios subjacentes ao Protocolo de Quioto, que encorajam a reduzir as emissões de gases com efeito de estufa (GEE) – seria interessante quantificar até que ponto os GEE contribuem de facto para as alterações climáticas, bem como o peso de outros factores naturais, mas isso é coisa que não interessa – mas não o ratificaram. Porquê?

A resposta está na aprovação pelo Senado da resolução Bryd-Hagel em Julho de 1997, com 95 votos a favor e zero contra – nem um Senador democrata.

O embaixador explicou-se a 29 de Novembro de 2006 no “Público”. Ficou claro que os americanos fizeram contas e verificaram que assumir esse compromisso comportaria mais prejuízos que benefícios, na razão de 7 para 1, segundo um estudo de dois economistas de Yale. E que têm todo o direito de reduzir ao mínimo a fuga da sua indústria para o Oriente.

O que não se percebe é porque os europeus preferem o CO2 chinês e indiano ao americano. É natural que o (ainda) maior produtor industrial seja (ainda) o maior emissor de CO2. Mas a pergunta que importa responder é esta: se a China ou a Índia produzissem o mesmo que os EUA, emitiriam a mesma quantidade de CO2 e outros gases? O que importa apurar é a quantidade de CO2 produzida por unidade económica ou industrial. A eficácia energética tem a ver com isto.

É ridículo como pessoas responsáveis por países que ratificaram o Protocolo de Quioto, que não vão cumprir os seus compromissos, querem forçar aqueles que não o ratificaram a cumprir. De resto, é já voz corrente em muitos ratificadores que não vai ser possível cumprir o protocolo, entre os quais Portugal. Quem são os 5% de automobilistas que estão dispostos a deixar diariamente o veículo à porta para que Portugal honre os seus compromissos? Pois é…

O previsível fiasco de Quioto deve-se, mais uma vez, ao irrealismo e à utopia daqueles que, dentro do seu gabinete, desenham aquilo que os outros hão-de fazer. A realidade que se ajuste às previsões. Como se Quioto fosse o único caminho para reduzir a emissão de GEE, como se não houvesse outros, e todos fossem obrigados a aceitar as suas imposições, como é pretensão do pensamento único.

É inacreditável como tanta gente lúcida e “liberal” – o que quer que isso signifique, fica sempre bem o rótulo – não tenha percebido que o aquecimento global e as alterações climáticas, cujo interesse mediático disparou nos últimos anos – tudo espontâneo – são uma excelente alavanca para fintar a democracia e desviar o poder para os não eleitos.

Ainda não perceberam como o suposto aquecimento global antropogénico e as alterações climáticas, por hipótese, daí decorrentes são o “leit-motiv” para uma nova tentativa de centralizar o poder a nível global, dirigindo e condicionando tudo e todos, desde a economia ao mais íntimo dos actos de um ser humano.

Porque há sempre aqueles que, ganhem ou percam eleições, estão sempre no poder.

Eles podem não ser do governo, mas estão sempre no poder.

Manuel Brás
manuelbras@portugalmail.pt

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