Aliança Nacional - Nação & Liberdade

Afirmá-lo seria uma contradição grosseira relativamente a tudo o que aqui temos dito e às posições que, em nosso entender, foram assumidas pelo Ocidente, desde sempre, quanto à criação e instalação de Israel.

Como é sabido, o Exército e o governo do Líbano não são ou não parecem ser elementos activos desta guerra, já com duas semanas na sua actual erupção.

Os elementos intervenientemente activos – segundo todas as versões publicadas nossas conhecidas – serão, dum lado, o Irão, a Síria, o Hamas e o Hezebollah, sendo estas duas organizações terroristas corânicas de há muito actuantes no Líbano, e, do outro lado, Israel.

A presente fase duma guerra que na verdade, vem de longe, é apresentada por Israel como retaliação contra actos terroristas do Hezebollah, sobretudo.

Não tenho visto condenar o início da retaliação por Países ocidentais, mas têm vindo publicadas notícias de muitos deles que condenam os excessos e prolongamento dessa retaliação.

É evidente para alguns de nós que existe cada vez mais o receio de que a guerra desencadeada possa alargar-se e desenvolver-se ou prolongar-se tanto, tanto, que o envolvimento de outros Estados seja inevitável e torne o conflito incontrolável, como aconteceria, por exemplo, se a Síria e/ou o Irão decidissem intervir directamente com as suas próprias forças militares.

Aliás, a hipótese desse envolvimento mais directo ainda da Síria e do Irão não é um absurdo, dado como os seus regimes políticos actuais jogam aqui, muito provavelmente, os seus futuros.

Também Israel, a avaliar pela violência da sua reacção, poderá estar a dar tudo por tudo, com essa expectativa?

Poderíamos então dizer, um pouco cinicamente talvez, que nesse caso a guerra no Líbano entraria na estratégia do presidente Bush para a reforma democrática dos regimes políticos do Próximo Oriente?

Do que julgamos não haver dúvidas é de que a presente fase da guerra representa um enorme passo em frente, no risco do descontrolo absoluto dela.

A tal ponto que Israel só terá ousado dá-lo, na convicção de que esta bem pode ser a última oportunidade de conseguir resolver o problema, sem levar demasiado longe o risco de tal generalização da guerra, que a transformasse num conflito para “varrer Israel do mapa” ou para decididamente o evitar.

Nesse caso, também esta seria a última vez que a Europa pôde assistir aos acontecimentos, criticando a guerra e Israel de longe, sem tomar o partido que sabe terá de ser, mais tarde ou mais cedo, o dela.

Tudo o que se tem passado e como vem passando, incluindo a determinação crescente das organizações e estados terroristas, bem como a aparente inevitabilidade da nuclearização do Irão (como da Coreia do Norte), tudo isso se afigura anunciar ser esta a última vez que a Europa poderá manter, em relação aos acontecimentos, o distanciamento e neutralidade de agora.

Da próxima vez, talvez até a Europa já tenha de usar das suas ameaças mais extremas para também meter na ordem aqueles dois Estados e aquelas duas organizações terroristas, não deixando os EUA e Israel sozinhos para o fazerem.

Os riscos, para a própria Europa, serão então ainda maiores que actualmente e, por isso mesmo, mais difíceis de tratar com evasivas e com fugas à realidade.

A.C.R.