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2005/11/04

Os tumultos dos subúrbios de Paris
Uma ameaça ou, para já, uma oportunidade para certas jogadas políticas? 

Pelo pouco que a Imprensa portuguesa conta, é difícil saber o alcance do que estava e está a passar-se nos subúrbios de Paris, habitados por imigrantes negros e árabes.

Manuel Azinhal, no seu blogue “o sexo dos anjos”, com o poste
“Esquizofrenia”, de 1 deste mês, chama a atenção para as formas sistemáticas de deturpação ou ocultação da verdade, usadas cá mas ainda mais na Imprensa francesa.

Será já um verdadeiro levantamento contra o “domínio” e “ocupação” francesa?

Os Franceses acabarão por retirar-se de Paris e arredores como retiraram da Indochina e da Argélia?

Sem dúvida, por enquanto um cenário prematuro.

Mas…

O que seria então da Europa e da UE!

Terão um dia os europeus da UE de ir em socorro da França, no seu próprio território, como em 1914-18 ou 1939-45?

Os dirigentes políticos franceses parecem completamente desorientados e divididos, a começar pelos expoentes máximos da UMP, partido governamental, ou sejam Chirac, Villepin (1º Ministro), Sarkozy (Ministro do Interior e presidente da UMP) …

Os dois primeiros o que querem é restabelecer a ordem e trazer à razão os “jovens” em fúria dos subúrbios, garantindo-lhes emprego seguro…

O último parece nada confiante em que isso dê resultado: quer para esses “jovens” “tolerância zero”, porque são “escumalha” e uma “gangrena” a eliminar, se necessário “limpando os subúrbios com mangueiras de alta pressão”… (e napalm, porque não?).

Os benpensantes de esquerda e de direita chamam Sarkozy de “extrema-direita”. E dizem que, cheirando-lhe já à próxima eleição presidencial, Sarkozy, que pretende desesperadamente ser o candidato da UMP, está desde já a tentar fixar e galvanizar em seu proveito os 14 a 20% de eleitores de direita e de esquerda que a FN de Le Pen potencialmente talvez ainda represente.

Considerará ele Le Pen já assim tão “arrumado”?

Não necessariamente.

Talvez pense é que as ideias de Le Pen, assumidas por um verdadeiro partido de poder, como a UMP, terão na conjuntura um irresistível e muito maior potencial de congregar votos, neste nosso tempo de enormes problemas e ameaças ainda maiores, que os actuais pequenos ou menos pequenos partidos nacional-racistas de modo algum poderão resolver.

A.C.R.

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