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2004/04/06

“Nova Frente – Um Blogue de Ideias e Cultura” 

Brindou-nos o Nova Frente, em 01 do corrente, com um texto do Poeta Goulart Nogueira, tanto quanto posso aperceber-me apresentado como se fosse actual, mas, a avaliar por uma ou outra passagem, “datado” realmente de há uns quarenta anos.

É pena que o rigor da transcrição não vá ao ponto de datar o texto sem equívocos, e de nos oferecer, também sem equívocos, o seu título original.

Podem parecer manipulações, mas ...

Mas o que mais importa são as lições implícitas ou explícitas do texto recuperado do “fundo dos tempos”, como se tivesse alguma coisa a ver com a actualidade / novidade do nacionalismo, a que o blogue chama “cor-de-laranja”, ele lá saberá porquê.

A não ser que tenha sido o próprio Autor.

Vamos direitos ao assunto.

Partamos do essencial do texto, que é esta passagem, condenatória, como o resto dele, de seja o que for de novo, introduzido ou a introduzir no nacionalismo:

Eles (os novos nacionalistas, os nacionalistas côr-de-laranja”, creio) “Falsários mendazes calcam com a botarra ou a pantufa, os símbolos, os signos e os ideais que, noutro tempo, veneraram (...)”.

Se estou enganado, responda-me o NF:

Acha que o Estado nacionalista não poderia ser senão monárquico?

Tem o NF em mente um nacionalismo que imponha o “partido único”?

Ou um nacionalismo oposto ao sufrágio universal?

Que “armas” proporia, então, para a chegada de nacionalistas ao poder: a greve, levantamentos em massa, a sabotagem, as marchas sobre isto ou sobre aquilo, o terror, o golpe de Estado, a revolta armada?

Defende o NF a homogeneidade étnica, chamemo-lhe assim?

Os nacionalistas puros e duros, de há quarenta anos e de hoje, defenderiam tudo isso, responderiam seguramente “Sim!” a todas as perguntas feitas, ou à grande maioria.

Ignoravam e ignoram, ou escapa-lhes, que coisas muitas vezes consideradas do cerne do nacionalismo, não terão sido senão aspectos ou soluções conjunturais.

O cerne do nacionalismo, de qualquer tempo, nunca esteve aí.

Os novos nacionalistas tinham, como é óbvio, de mudar radicalmente tudo isso, sob pena de deixarmos morrer, sob o nosso olhar passivo, o essencial: as nações e o nacionalismo.

Uns há quarenta ou mais anos.

Outros há menos.

Mas todos os novos nacionalistas hoje responderiam claramente “Não!” a qualquer das perguntas apresentadas, com a mesma convicção igualmente forte, sem de modo algum se sentirem retratados no texto de G.N. e, também, sem se deixarem vencer ou perturbar por supostos argumentos de autoridade, subjacentes à proclamação transcrita.

Mais perguntas poderiam ser feitas, acrescento para acabar.

Ficam para outra ocasião, se ocasião houver.

António da Cruz Rodrigues

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