2010/08/23
Imprensa fala a uma só voz
Não deixa de ter piada, no “Público” de 20 de Agosto, o tom farisaico do comentário acerca do donativo de Rupert Murdoch, através da News Corp. para a Associação de Governadores Republicanos, porquanto é bem sabido de todos que a Foxnews tem uma linha editorial próxima, mais que do Partido Republicano, de todo o eleitorado conservador. Figuras ligadas ao movimento conservador, como Glenn Beck, Sean Hannity, Rush Limbaugh, Sarah Palin ou Elisabeth Hasselbeck, são apresentadores e comentadores habituais de programas da Foxnews. E qual é o mal?
Porque é que só a esquerda e os socialistas é que podem deter e controlar meios de comunicação? Eis a questão.
A CNN e a CBS estão alinhadas com quem? A maior ingenuidade do público é pensar que a imprensa é neutra e imparcial. Isso não existe. Basta olhar para a imagem de Obama que a imprensa criou em 2008 para vencer as eleições. Passados dois anos vê-se o Obama real e hoje tem uma taxa de aprovação inferior a 50%, prevendo-se um revés eleitoral em Novembro próximo de magnitude ainda incerta.
Ao contrário do que sucede na sociedade americana, em que a tendência política-ideológica dos media é clara e transparente, em Portugal continua-se a acreditar que os media são imparciais e neutros. Curiosamente todos veiculam a mesma visão do Estado “social”, do aborto, da ideologia do género, da homossexualidade, da eutanásia, da “prevenção” da SIDA, do aquecimento global, da liberdade, da responsabilidade, a mesma complacência com os ditadores, desde que sejam socialistas, e por aí fora. Assim se compreende a necessidade de fazer crer às pessoas que a imprensa portuguesa é imparcial e neutra: é que seria um escândalo se as pessoas descobrissem que a imprensa portuguesa é monopólio da esquerda e do socialismo. O caso é que, em Portugal, não há imprensa que dê outra visão das coisas: a opinião é controlada pela esquerda. Será possível que todos os jornalistas pensem da mesma maneira? Serão dentes da mesma engrenagem?
De resto, em Portugal a imprensa e os chefes de grupos empresariais e ela ligados não ajudam partidos nem agendas políticas? E não há forças políticas ou para-políticas que ajudem órgãos de imprensa?
Mas para não se pensar que na América não há imprensa neutra e imparcial, eis alguns dados interessantes:
Em 1996, um estudo de Freedom Forum e de Roper Center incidiu sobre 139 chefes de redacção e correspondentes no Congresso, sedeados em Washington, e verificaram que enquanto, em 1992, 89% dos jornalistas votou em Bill Clinton, só 43% do eleitorado o fez; 7% dos jornalistas votou em George Bush e 37% do eleitorado. Em 1985, o Los Angeles Times realizou uma sondagem nacional envolvendo cerca de 3000 jornalistas e igual número de eleitores não jornalistas:
23% dos não jornalistas considerava-se socialista, enquanto dos jornalistas eram 55%
56% dos não jornalistas estavam a favor de Reagan, dos jornalistas eram 30%
49% dos não jornalistas eram a favor do aborto, dos jornalistas eram 82%
74% dos não jornalistas eram a favor das orações em escolas públicas, dos jornalistas eram 25%
E na redacção do Público, como é que é?
manuelbras@portugalmail.pt