2005/11/07
Já são mais que motins em França, será um verdadeiro levantamento geral?
Os “motins” continuam nos subúrbios de Paris e tendem a alastrar a outras cidades, para lá dos de Paris, como em Bordéus, Nice, Cannes, Avignon, Roubaix, Toulouse, Pau, Rennes, Suresnes, Lille, mas também no centro mesmo da Capital.
As autoridades não se afiguram capazes de controlar os acontecimentos e mais parecem esperançadas, no fundo, que terminem por si, pelo efeito de cansaço e desorganização dos amotinados.
Alguma semelhança com Maio/68?
Muitas comparações são prematuras.
De Maio/68 conhecemos o desenvolvimento completo, o termo e os resultados; deste Novembro/2005 não sabemos ainda senão quase nada e as origens são muito diversas.
De qualquer modo, Maio/68 foi uma questão interna, entre franceses, e agora, embora formalmente possa parecê-lo também, será irrealista tormá-lo por tal, isto é, por mera questão interna.
Os riscos para o poder “en place” são, no entanto, idênticos.
Se a impotência do poder actual persistir, não admiraria que, como De Gaulle em 1969, também Chirac pura e simplesmente venha a demitir-se, agora ou daqui a algum tempo, obrigando a que a eleição presidencial seja antecipada. “Vitimado” não pela esquerda estudantil revoltada e barricada de 1968, ou pelo referendo de 1969, mas agora talvez por uma maioria larga de franceses de direita e de esquerda, unidos no temor de que Chirac, Villepin (seu Primeiro Ministro) e Sarkozy (Ministro do Interior) continuem a não ter mão na escalada.
É que pode aproximar-se o momento em que já não seja apenas “Paris que está a arder”, mas a França inteira.
Será que em Portugal, particularmente sobre a eleição presidencial de 22 de Janeiro de 2007, também a situação em França venha a ter repercussões sensíveis?
Reforçando ainda a posição de Cavaco Silva, naturalmente.
Mas sabemos nós como seria a frontalidade da reacção ou do comportamento de Cavaco Silva em caso dum levantamento semelhante, por exemplo na Amadora?
Virá o Professor a ter de pronunciar-se sobre isso, ainda em campanha?
Caso as coisas em França se prolonguem, com certeza que sim.
Aliás, aqui como em Espanha, Itália, Bélgica, Holanda, Alemanha, Grã-Bretanha, consoante os casos, os governantes vão ter de declarar as suas posições perante hipóteses idênticas.
É muito provável que a seriedade/gravidade dos acontecimentos em França torne inevitável, mais cedo do que podia prever-se, uma efectiva frente comum dos Países da UE contra o terrorismo/nova subversão, na própria Europa ou em qualquer um desses Países.
Bush estaria vingado.
Mas uma coisa é certa: se a França for derrotada, é toda a Europa que é derrotada.
A.C.R.
As autoridades não se afiguram capazes de controlar os acontecimentos e mais parecem esperançadas, no fundo, que terminem por si, pelo efeito de cansaço e desorganização dos amotinados.
Alguma semelhança com Maio/68?
Muitas comparações são prematuras.
De Maio/68 conhecemos o desenvolvimento completo, o termo e os resultados; deste Novembro/2005 não sabemos ainda senão quase nada e as origens são muito diversas.
De qualquer modo, Maio/68 foi uma questão interna, entre franceses, e agora, embora formalmente possa parecê-lo também, será irrealista tormá-lo por tal, isto é, por mera questão interna.
Os riscos para o poder “en place” são, no entanto, idênticos.
Se a impotência do poder actual persistir, não admiraria que, como De Gaulle em 1969, também Chirac pura e simplesmente venha a demitir-se, agora ou daqui a algum tempo, obrigando a que a eleição presidencial seja antecipada. “Vitimado” não pela esquerda estudantil revoltada e barricada de 1968, ou pelo referendo de 1969, mas agora talvez por uma maioria larga de franceses de direita e de esquerda, unidos no temor de que Chirac, Villepin (seu Primeiro Ministro) e Sarkozy (Ministro do Interior) continuem a não ter mão na escalada.
É que pode aproximar-se o momento em que já não seja apenas “Paris que está a arder”, mas a França inteira.
Será que em Portugal, particularmente sobre a eleição presidencial de 22 de Janeiro de 2007, também a situação em França venha a ter repercussões sensíveis?
Reforçando ainda a posição de Cavaco Silva, naturalmente.
Mas sabemos nós como seria a frontalidade da reacção ou do comportamento de Cavaco Silva em caso dum levantamento semelhante, por exemplo na Amadora?
Virá o Professor a ter de pronunciar-se sobre isso, ainda em campanha?
Caso as coisas em França se prolonguem, com certeza que sim.
Aliás, aqui como em Espanha, Itália, Bélgica, Holanda, Alemanha, Grã-Bretanha, consoante os casos, os governantes vão ter de declarar as suas posições perante hipóteses idênticas.
É muito provável que a seriedade/gravidade dos acontecimentos em França torne inevitável, mais cedo do que podia prever-se, uma efectiva frente comum dos Países da UE contra o terrorismo/nova subversão, na própria Europa ou em qualquer um desses Países.
Bush estaria vingado.
Mas uma coisa é certa: se a França for derrotada, é toda a Europa que é derrotada.
A.C.R.