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2003/08/25

Maggiolo Gouveia, um Herói do Povo Português e nosso Herói 

A discussão, nos meios de comunicação social, sobre as honras prestadas ao tenente-coronel Rui Alberto Maggiolo Gouveia pelo Governo e pelo Exército, no seu funeral para Mação, tem sido profundamente esclarecedora a muitos títulos.
A tal ponto que bem se poderá dizer que o caso acabou por resultar num espantoso exame radiográfico da realidade psico-política nacional: umas vezes pelo que foi dito, outra tantas vezes ou mais por aquilo que não foi dito e pelo que as palavras proferidas escondem ou pressupõem.
Tanta coisa dos nossos modos de ser e de estar se revelou ou voltou à superfície, que não é simples escolher por onde começar. De facto tudo isto não foi simples pedrada num charco; dir-se-ia antes um enorme e inesperado pedregulho caído no mar e produzindo um inesperadíssimo maremoto de que desconhecemos ainda o alcance e as consequências.
Parece exagero?
Objectivemos melhor.
Os velhos fantasmas e pesadelos de certas esquerdas não faltaram à chamada, feita em assomos de desespero por alguns agentes que desataram em altos berros pedindo socorro porque “elas aí estão de novo, ressuscitadas não se sabe de onde, as velhas direitas furiosas por vingar-se e correr connosco do nosso (triste) palcozinho da História”!
Fazem-no em geral, essas esquerdas, com um ar de vítimas que, no entanto não esconde em muitos a arrogância, se não mesmo a pesporrência.
Pensamos, por exemplo, entre alguns outros, num Mário Tomé “que–foi”, major na reserva, ou numa Ana Gomes, ex-embaixadora na Indonésia. Falam, escrevem, como se estivéssemos em 1975/76, e o País ainda fosse uma campina inerte e passiva, que eles pudessem talar, espezinhar à vontade.
Como se, na verdade, só eles continuassem a ter direitos de cidadania e a nós, os outros, os restantes, apenas continuasse a caber amochar, amochar apenas, amochar às ordens.
São cabecinhas cada vez mais tresnoitadas e mais distorcidas e fora de tempo, como perdidas no ridículo dos seus anacronismos.
Decretaram uma vez por todas, em 1975/76, que Maggiolo Gouveia foi um “cobarde”, um “tresloucado”, um “desertor”, e acordaram agora, estremunhados, descobrindo que tantos outros acreditam e pensam exactamente o contrário e que têm força e determinação bastantes para o provar e alardear sem evasivas.
Acordam certas esquerdas, estremunhadas, descobrindo que já não assustam ninguém, mas sem perceberem ainda que já não há PREC e muito menos percebendo que o País e o Mundo mudaram totalmente.
Desde 1989/91, claro, quando caiu o Muro de Berlim e a União Soviética acabou de implodir, deixando-as, a essas esquerdas, a espernear com os pés no ar e a esbracejar sem quaisquer referências; mas ainda mais e pior, nos últimos dois ou três anos, quando passaram a viver, política e mentalmente, de meras recordações e de nostálgicas ilusões.
Não querem sequer perceber que há fortes sintomas de um País que se vai recompondo e readquirindo a honra e o orgulho dos seus mais seguros valores e dos seus feitos mais altos e mais exemplares.
Escolhem por isso a pior altura para tentar conspurcar a grandeza e a memória de Maggiolo Gouveia, fingindo compará-lo aos desertores de que elas se gabam ou patrocinam e pedindo para esses tratamento e consideração iguais aos que o Estado deu agora ao primeiro.
Mas nem elas próprios podem acreditar nos méritos que reivindicam, tal é a monstruosidade e tão vil o sarcasmo.
Maggiolo Gouveia pagou com a vida o gesto heróico, perfeitamente responsável, de se revoltar contra um contingente militar português de que fazia parte, mas que se preparava, como veio a acontecer, para fugir para Atauro, deixando campo livre a uma FRETILIN comunista. Esta faria de Timor, naturalmente, outra Coreia do Norte ou pelo menos outra Cuba, territórios ao serviço dos nossos inimigos na Guerra Fria, então ainda longe de estar decidida, como certos elementos militares portugueses já estavam a contribuir largamente para que acontecesse em Angola, Moçambique, São Tomé e Cabo Verde.
Honra ao Exército Português de hoje, que não hesita em prestar honras militares a um dos seus, a um daqueles poucos que então lhe salvaram a imagem e o prestígio!
Não é um Exército destes, com gente como se nos afigura ter, que vai deixar-se iludir pelos sofismas vergonhosos dos que pretendem comparar desertores das Guerras do Ultramar, que tudo ganharam com as suas deserções, a um Maggiolo Gouveia que tudo arriscou e tudo perdeu, ao revoltar-se contra a traição a Portugal de camaradas seus.
Acreditamos que há dentro do Exército uma nova geração, moderna e actual mas sem nada a ver com o PREC, que vai recuperar e está a reconstruir para Portugal as melhores e mais puras tradições de serviço, nobreza e sacrifício das Forças Armadas nacionais.
Honra ao Governo e ao ministro da Defesa que o descobriram e compreenderam e que mostraram saber onde estavam e estão a honra e a fidelidade a Portugal.
Quem é que tal perspectiva assusta?
Outra vez os mesmos de sempre?
Uns tantos que sentem tudo a escapar-se-lhes?

A.C.R.


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Reacções dum Nacionalista - A neocolonização da África é inevitável? (II) 

O panorama da África ao Sul do Saará é desesperante. “Numa zona rica em diamantes, bandos armados espalham o terror sem respeitarem fronteiras, populações, tradições, regras. Há refugiados por todo o lado, as infra-estruturas mínimas próprias da modernidade deixaram de existir e, na Libéria, em apenas cinco anos, a esperança de vida dos homens caiu de 56 para 44 anos. Na Serra Leoa situa-se nos 32 anos. Face à realidade destes países destroçados, é bom não ter ilusões: os exércitos ocidentais que chegam não deverão regressar a casa em breve” – conclui JMF, o director do “Público”.
Quem chega a esta conclusão, não é cego nem surdo com certeza. Num acesso extremo de coerência terá de perguntar-se a si próprio:
Mas os exércitos bastarão?
Não será preciso que voltem igualmente a administração e a organização política dos antigos colonizadores, investidos, no mínimo, dos direitos de protectorado, internacionalmente reconhecidos, onde for justificada a sua aplicação?
JMF não o reconhece claramente, mas não deixa de explicar melhor:
“Não bastará organizar eleições e partir: Charles Taylor (o recém - demitido presidente da Libéria) também organizou e ganhou eleições e isso não atenua os crimes de genocídio de que é acusado. Na região (...) o homem como que se reprimitivizou. Talvez não seja a única explicação (...) mas talvez nos prepare para uma presença bem mais longa do que a anunciada de tropas ocidentais em África.”
Fim de citação.
Parece insistência demasiada, para poder-se evitar concluir que este e muitos outros analistas não têm verdadeiramente em mente senão a ideia de que a neo-colonização, com protectorados, colónias, feitorias ou zonas internacionais, etc., vem aí a passos largos.
Ouviu-se, aliás, falar pela primeira vez em nova forma de colonialismo, que estaria a ensaiar-se, a propósito da invasão e vitória dos EUA no Afeganistão e no Iraque e dos termos das ocupações que naturalmente se seguiram.
Foi um Iraquiano, professor universitário, inimigo declarado dos Americanos, quem lançou a ideia-acusação. Mas não teve grande êxito. Nem os mais ferozes adversários portugueses da invasão do Iraque pelos Americanos lhe pegaram. Porque não lhes convém agitar a acusação?
Agora a ideia, pé-ante-pé, parece destinada a pegar em África.
Mas a tarefa será gigantesca, porque vai ter de ser aplicada noutros países, que não simplesmente as pequenas Libéria, Serra Leoa, Costa do Marfim. Terá de restabelecer-se a ordem, mais tarde ou mais cedo, também no Corno de África, no antigo Congo Francês, no antigo Congo Belga, em toda a África Central que é a chave da África ao Sul do Saará, para não dizer da África inteira.
Percebe-se que Europeus e Americanos procurem parceiros em África para a tarefa colossal e relativamente pouco interessante, em termos simplesmente económicos ... e ambientais.
A Nigéria e a África do Sul parecem já (a)creditadas, por Europeus e Americanos, das qualificações necessárias para o efeito.
Não faltará quem pense, até, que serão igualmente aconselháveis as adequadas parcerias com a Igreja e com as igrejas protestantes, forças espirituais incontornáveis também em África.
Seria a vingança – ou a reabilitação? – dos antigos colonizadores.
Na divisão do trabalho pelos participantes da nova ordem mundial, em formação, não cremos que esteja aí, isto é, em novas colonizações do antigo, o papel de Portugal e da Lusofonia.
Sobre qual possa esse papel vir a ser ... veja-se o nosso blogue de 11 do corrente, que talvez abra perspectivas.

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